segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ammonitida - Peniche

 Ainda na mesmo dia da visita a Peniche, e depois dos rostos de belemnites, deparem-me com um calhau meio arredondado perto de uma falésia, próxima do mar, que se encontrava bastante degradada e com bastantes blocos soltos no chão, alguns blocos caídos pela ação da própria gravidade outros possivelmente pela ação do Homem. Ao virar o calhau, da primeira foto, vejo que esta seria parte de um molde interno de um Cephalopoda Ammonoidea, e ao ir arriscar ver os outros calhaus já de maiores dimensões vejo que aquelas rochas, escura do tipo filito (?), estavam cheias de fósseis de amonóides, tanto moldes externos como internos. 

Ammonitida
Amonóides moldes externos
 Este primeiro calhau que vi, foi dos poucos que vi que não era somatofósseis recristalizados em pirite e calcite, como se vê pelos exemplares das seguintes fotos. 
 Mas agora falando destes animais que habitaram os nossos oceanos no passado, pertencem à Subclasse Ammonoidea que terá vivido do período Devónico ao final do Cretácio num evento de extinção em massa chamado Extinção do Cretáceo-Paleogeno que também vitimou os dinossauros.  São moluscos cefalópodes marinhos muito semelhantes ao actual Naútilo que vive no sudoeste do Oceano Pacífico. Sendo carnívoros eram predadores activos e solitários, maioritariamente pelágico nectónico de ambientes marinhos, a oceânicos e viviam protegidos dentro de uma concha, enrolada homomórficamente, de natureza carbonatada, daí a facilidade desta parte do corpo do animal fossilizar. Os fósseis que encontrei em Peniche, penso pertencerem à Ordem Ammonitida, que terem vivido desde o Jurássico ao Cretácico. 
Como disse. a maioria dos fosseis que encontrei sofreram recristalização por pirite e as cavidades internas da concha foram preenchidas por calcite. Nas seguintes fotos podemos ver que nem toda a estrutura dura foi completamente mineralizada, ficando a parte umbílical da concha melhor preservada.

Amonóides recristalizado em pirite e calcite_1
Amonóides recristalizado em pirite e calcite_2
 Em relação ao amonoides aqui pressentes penso pertencerem  ao género Dactylioceras, das a ornamentação constituída por costilhas radiais, simples e rectilíneas nos flancos, bifurcando na fronteira com o bordo ventral.

Dactylioceras piritizado
Secção do Bordo ventral claramente bifurcado
Dactylioceras piritizado com as cavidades internas preechidas em calcite

 Encontrei também outras conchas, que estando menos preservadas, não consigo afirmar com certeza o seu género, porém terem sido localizadas muito próximas no afloramento pode-se inferir com alguma certeza que seriam contemporâneas. Caso alguém consiga identificar o género ou espécie... agradeceria. 

 fóssil de amonóide_1
 fóssil de amonóide_2.1

 Para além dos blocos caídos com amonoídes, encontrei um muito particular, tem parte de uma concha de molusco bivalve, e várias estruturas compridas e tabulares, e algumas ramificadas que fazem lembrar algas...
fóssil de amonóide_2.2

Possíveis fósseis de algas com um fóssil de bivalve ao lado direito  

Fósseis de Belemnitida - Peniche

  No seguimento da visita a Peniche e numa das arribas a NE da Península, vários somatofósseis de moluscos cefalópodes do tipo Belemnite, nomeadamente moldes internos de parte interna, posterior, calcificada, os rostros, conhecidos pela sua forma de "bala", a parte do corpo do animal que podia fossilizar com mais facilidade, e que não são mais que a concha interna destes animais que são muito semelhantes lulas actuais, não tendo tido ventosas mas sim ganchos. Eram animais marinhos pelágicos, principalmente oceânicos, sendo carnívoros eram nadadores activos. Actualmente extintos, viveram de forma mais abundante deste o Jurássico até ao fim do Cretácico.
 A seguinte figura ilustra uma belemnite, imagem retirada de (http://www.ucmp.berkeley.edu/taxa/inverts/mollusca/cephalopoda.php). 


Belemnite

As tais "balas"relativamente abundantes, em Peniche nas seguintes imagens. Onde o maior que encontrei, tinha perto de 15 cm de comprimento e 2 cm de largura.

Rostros de Belemnite na longidinal
Rostros de Belemnite na transversal
Rostros de Belemnite recristalizados por sulfuretos
Rostro de Belemnite recristalizado 1.1
Rostro de Belemnite recristalizado 1.2
Rostro de Belemnite recristalizado 1.3

As seguintes fotos poderão ser muito importantes, pois poderá encontra-se preservado parte do corpo do animal, o que é bastante raro dada a sua natureza mole. Porém, ainda sem certezas, terão de ser analisadas por especialistas. Se se confirmar irei fazer um artigo mais completo.

Possível corpo de cefalópode presevado com Rostro de Belemnite fossilizado ao lado
?_1
?_2

domingo, 9 de agosto de 2015

Peniche

 No dia 5/8/2015, cheguei à Península de Peniche de férias com a família. Ao percorrer toda a Nacional N114 de Sul para Norte fui me deparando com vistas magnificas das nossas arribas e falésias que estão constantemente a ser erodidas sobretudo mecanicamente pela forte ondulação, ondulação essa que é muito procurada pelos surfistas e tornando Peniche uma das referências nacionais a nível do surfimo, atraindo muitos estrangeiros. 
 As fotos seguintes seguem a sequência dos acontecimentos, sendo que em algumas paragens que fiz não colocarei imagens propositadamente e farei post's em separado.
 
Arribas de Peniche_1

Na foto seguinte, podemos ver a fauna e a flora característica destas zonas litorais, que considero importante pois muitos destes ecossistemas possuem espécies únicas nestes ecossistemas.

Flora das arribas_1
Flora das arribas_2
Flora das arribas_3

Na seguinte foto, consegue-se ver minimamente o Arquipélago das Berlengas, no canto superior esquerdo.
Rochedo_1
Arquipélago das Berlengas

Na zona do farol do cabo carvoeiro, a maneira como os calcários foram carsificados é espectacular, como podem ver nas seguintes fotos.

Calcários carsificados_1
Calcários carsificados_2
Sinal de Aviso
Farol do Cabo Carvoeiro

 Arribas da zona mais a NNE da península onde ainda se consegue ver o Farol do Cabo Carvoeiro.
Arribas de Peniche_2
No centro superior da foto também se consegue ver parte do Arquipélago das Berlengas.

Arribas de Peniche_3
Praia de Peniche_1
Praia de Peniche_2

Continuando a percorrer a nacional N114 e já a NE da península, encontramos uma pequena península designada de "Papôa", mais uma vez um ecossistema muito especial e com a vegetação muito rasteira e bem verde.

Península da Papôa_1
Península da Papôa_2
Península da Papôa_3

Península da Papôa_4

 E foi o resumo do imenso leque de fotografias que tirei... Mas penso que da para ter uma ideia da imensa beleza de Peniche (pelo menos da costa da península), o melhor mesmo é ir lá para ver. Além do mais, é um local onde Jurássico inferior está muito bem representado, inserido na Orla Meso-Cenozóica do Oeste de Portugal continental.


domingo, 2 de agosto de 2015

Castelo do Bode

 Foi no seguimento do achado relatado no post Ortonaisses/Granitoides - Castelo do Bode que depois do escaldão nas costas, fui mergulhar nesta límpida água onde a pouca areia que havia era resultado da meteorização dos granitóides e xistos aflorantes das margens, pelo agentes atmosféricos mas também pelo próprio Homem uma vez no Verão esta zona fica repleta de pessoas que vêm desfrutar desta maravilhosas paisagem, da qual faz parte a conhecida ilha da barragem, como também para dar um mergulho.  

Vale Manso
A ilha
 
Areias brilhantes ricas em Micas_1

Ondas promovendo a meteorização das rochas
 
Ilha e as suas águas translucidas

Areias brilhantes ricas em Micas_2

Areias brilhantes ricas em Micas_3

 Nesta ultima foto pode-se ver vestígios de ortoclase, mica se turmalinas resultantes da alteração das rochas encaixantes, fazendo assim parte da areia que constitui a "praia".

 Em relação à barragem, propriamente dita, fica aqui duas fotos tiradas pela minha namorada, à qual não posso deixar de dar os créditos. Uma barragem, cuja obra começou em 1945, demorou mais de 5 ano a ser construída e ainda hoje é das maiores construções feitas em Portugal. Para mais informações sobre esta magnifica barragem, cliquem Aqui.


Parede da Barragem de Castelo do Bode

Barragem
Vista da Barragem, Rio Zêzere

⚒ Ortonaisses/Granitoides - Castelo do Bode ⚒

Dia 29/07/2015 num passeio pelas margens da barragem de Castelo do Bode, em Abrantes, deparei-me com granitóides e ortognaisses aflorantes em algumas zona das margens a SW da região. Estava à procura de veios nos granitóides e não demorou muito até encontrar um. Era um filão pegmatítico e só parte é que estava aflorante, tinha perto de 15 cm de grossura e apesar de estar um pouco alterado, com o martelo consegui retirar uns bons exemplares. Depois de algum tempo e já com um escaldão nas costas e de ter os pés todos feridos, eis o resultado do esforço...

Amostra do Filão pegmatítico_1

 Infelizmente dado a inclinação e a localização perto da água não consegui tirar foto do filão. Como se pode ver na imagem a paragénese  é constituída essencialmente por quartzo, feldspatos e micas (moscovites), e bons exemplares de Turmalinas, que possivelmente pertencem à variedade Dravite dada a cor acastanhada que apresentam em luz muito forte. Não é a primeira vez que encontro turmalinas nesta zona, (Turmalinas de Castelo do Bode), mas é a primeira vez que encontro exmeplares com mais de 2x0,5x0,5 cm.

Amostra do Filão pegmatítico_2

  Se quiserem saber mais acerca mais sobre turmalinas recomendo que vejam Este post, onde poderão saber mais sobre as propriedades destes minerais, e ver imagens de um belo exemplar da minha colecção.
 Em relação às rochas encaixantes, podem ver na seguinte imagem um bom exemplar que não está muito alterado nem deformado como alguns que vi na região. Convém também referir que esta zona é muito rica em xistos e a transição entre xistos e este tipo de granitos é muito evidente na região.

Granitóide
Na imagem consegue-se ver alguma foliação , isto é, uma ligeira anisótropia planar dada a orientação preferencial dos minerais o que sugere um pequeno episódio de deformação a que a rocha foi sujeita, caso a rocha continuasse a sofrer este tipo de deformação que é conseguido pela actuação de um campo de tensões compressivo ou cisalhante passaríamos a ter um ortoganaisse que também é evidenciado na zona. Com granularidade grosseira, esta rocha pode-se considerar mesocrata , isto é, a a rocha é constituída por mineiras félsicos (mais claros) e máficos (escuros)  o que lhe dá uma tonalidade próxima da cor cinza.


Margem

Como podem ver pela foto, apesar de não ter escala, a inclinação é bastante pronunciada.