terça-feira, 25 de agosto de 2015

Fluorite

 Desta vez trago três exemplares de fluorite verde da minha colecção, cristalizadas em octaedros regulares quase perfeitamente, desconheço a sua origem.
 A fluorite é conhecida desde a antiguidade pelas suas esplêndidas cores e por fundir a relativamente baixas temperaturas (1676 K), daí a origem do seu nome em latim fluere que significa "fluir".


Fluorites_1.1

Octaedro regular by:André Karwath


Em relação às propriedades mineralógicas:

  • Fluorite- A fluorite pertence ao grupo dos hologéneos com a formula química, CaF2, é portanto um fluoreto de cálcio e flúor com a proporção de 1:2. Estando cada átomo de flúor rodeado por quatro de cálcio segundo forma de tetraedro e cada átomo de Cálcio rodeado por 8 átomos de Flúor em forma de cubo. Pertence ao sistema cristalino isométrico e pode cristalizar segundo hábito cúbico, octaédrico e também, mas menos frequente em hábitos como botrioidal, ,dodecaedro e massivo. Em relação á cor, a Fluorite apresenta uma grande variedade sendo que quando é pura é incolor e as restantes cores dependem do grau e do tipo de impurezas na sua constituição e pode apresentar cores como azul, verde, roxo, branco, amarelo, violeta, sempre com o seu brilho vítreo. A fluorite é também conhecida pela sua fluorescência rosa-violeta quando iluminada por raios ultravioleta. Em relação à dureza esta fica na quarta posição na escala de mohs pelo que pode ser riscada pela navalha. Tem um clivagem e uma fractura subconchoidal a irregular. Dependendo das impurezas a sua densidade (g/cm3) pode ir de 3.175 a 3.184 e caso tenha terras raras pesadas pode chegar mesmo aos 3.56. A sua génese é de origem hidrotermal, encontra-se fortemente associada a rochas do tipo granítico e pegmatítico, em filões desta natureza aparece frequentemente associada a sulfuretos.
     Sendo um mineral importante para várias industrias como, fabrico de ácido fluorídrico, cerâmica, vidro, plástico e óptica, entre outras e sua extracção é de relativa importância. As maiores jazidas encontram-se nos estados mexicanos de Coahavilla e San Luís de Potosí, também em Portugal existe ocorrências em fendas dos granitos nas Caldas de Jerez.


Fluorites_1.2
Fluorites_1.3
Fluorites_1.4

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Pirite

 Pirite, bastante conhecida por cristalizar em forma de cubo e pelo seu brilho metálico há muito que é estudada e conhecida dos antigos. Os gregos chamavam de "pyr", fogo, por o mineral ser usado para fazer faíscas ao ser friccionado e atear o fogo. Durante muito tempo era frequentemente confundida por ouro, ainda não havendo a distinção entre a calcopirite, arsenopirite e pirite, dadas as suas semelhanças na cor e brilho chama-se a estes sulfuretos de "ouro dos tolos". Assim a palavra Pirite foi usada durante muito tempo para designar um grupo de minerais e só em XIX, a palavra adquiriu o significado actual.
 Muitas vezes a Pirite aparece a substituir ossos e conchas fossilizados, como vimos no post das Amonites de Peniche.

 A próxima, foto é um exemplar de Pirite da minha colecção de minerais, tem 6x3,5x3 cm e está maioritariamente  cristalizada sob a forma de cuboctaedros. De origem espanhola, não conheço a sua origem exacta.

Pirita
Pirite cuboctaedrica_1.1

 O seguinte "gif" ilustra bastante bem, a forma perfeita de cristalização na forma cuboctaedrica que se assemelha ao meu exemplar, porém a cristalização dos minerais nem sempre se apresenta perfeita havendo uma mixórdia de sistemas cristalinas misturados dos quais pode haver cúbico, dodecaedro pentagonal, octaedro entre outras formas pouco perceptíveis, porém a Pirite pode cristalizar sob outras formas geométricas como se irá ver adiante.

Cuboctaedro by user Cyp using POV-Ray

Em relação às propriedades mineralógicas:

  • Pirite- A Pirite é um bissulfureto com a formula química, FeS2, constituída por ferro e enxofre numa razão de 1: 2, contém 46,5% de Ferro (Fe) e 53,5 de Enxonfre (S) apesar de poder haver outros elementos a entrar na constituição, como Arsénio (As), Níquel (Ni), Cobre (Cu) e Ouro (Au). Pertence ao sistema cristalino isométrico, e ocorre sob os hábitos massivos mas também sob a forma de cubos, dodecaedro pentagonal, dodecaedro rômbico,  trapezoedro, octaedro e as suas combinações. Em relação à cor,  amarelo-claro, amarelo-latão, dourado fosco a cinza, sempre com o seu brilho metálico e sempre opaco. Não tendo clivagem, apresenta uma fractura conchoídal a irregular. Tem um densidade bastante elevada, cerca de 4,95-5,2 (g/cm3) e uma dureza de 6 - 6,5 na escala de Mohs. Encontra-se frequentemente associada a Lignite e a compostos de enxofre, apresenta-se sobretudo em filões hidrotermais em rochas metamórficas com serpentina e em mármores. As maiores jazidas do mundo são da Península Ibérica, sendo da parte portuguesa as as Minas de Neves Corvo, Aljustrel e Louzal tudo no Alentejo com a sua faixa piritosa  que vai até Espanha e com um dos maiores depósitos incluem as Minas de Riotinto (Espanha) a Pirite presente-se sob a forma de depósito de grão fino com uma massa estimada de cerca de um  bilião de toneladas. 
Pirite cuboctaedrica_1.2
Pirite cuboctaedrica_1.3
Pirite cuboctaedrica_1.4 com a parte da matriz (branco)

A quem quiser ter uma amostra de Pirite pode comprar contactando-me via e-mail.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ammonitida - Peniche

 Ainda na mesmo dia da visita a Peniche, e depois dos rostos de belemnites, deparem-me com um calhau meio arredondado perto de uma falésia, próxima do mar, que se encontrava bastante degradada e com bastantes blocos soltos no chão, alguns blocos caídos pela ação da própria gravidade outros possivelmente pela ação do Homem. Ao virar o calhau, da primeira foto, vejo que esta seria parte de um molde interno de um Cephalopoda Ammonoidea, e ao ir arriscar ver os outros calhaus já de maiores dimensões vejo que aquelas rochas, escura do tipo filito (?), estavam cheias de fósseis de amonóides, tanto moldes externos como internos. 

Ammonitida
Amonóides moldes externos
 Este primeiro calhau que vi, foi dos poucos que vi que não era somatofósseis recristalizados em pirite e calcite, como se vê pelos exemplares das seguintes fotos. 
 Mas agora falando destes animais que habitaram os nossos oceanos no passado, pertencem à Subclasse Ammonoidea que terá vivido do período Devónico ao final do Cretácio num evento de extinção em massa chamado Extinção do Cretáceo-Paleogeno que também vitimou os dinossauros.  São moluscos cefalópodes marinhos muito semelhantes ao actual Naútilo que vive no sudoeste do Oceano Pacífico. Sendo carnívoros eram predadores activos e solitários, maioritariamente pelágico nectónico de ambientes marinhos, a oceânicos e viviam protegidos dentro de uma concha, enrolada homomórficamente, de natureza carbonatada, daí a facilidade desta parte do corpo do animal fossilizar. Os fósseis que encontrei em Peniche, penso pertencerem à Ordem Ammonitida, que terem vivido desde o Jurássico ao Cretácico. 
Como disse. a maioria dos fosseis que encontrei sofreram recristalização por pirite e as cavidades internas da concha foram preenchidas por calcite. Nas seguintes fotos podemos ver que nem toda a estrutura dura foi completamente mineralizada, ficando a parte umbílical da concha melhor preservada.

Amonóides recristalizado em pirite e calcite_1
Amonóides recristalizado em pirite e calcite_2
 Em relação ao amonoides aqui pressentes penso pertencerem  ao género Dactylioceras, das a ornamentação constituída por costilhas radiais, simples e rectilíneas nos flancos, bifurcando na fronteira com o bordo ventral.

Dactylioceras piritizado
Secção do Bordo ventral claramente bifurcado
Dactylioceras piritizado com as cavidades internas preechidas em calcite

 Encontrei também outras conchas, que estando menos preservadas, não consigo afirmar com certeza o seu género, porém terem sido localizadas muito próximas no afloramento pode-se inferir com alguma certeza que seriam contemporâneas. Caso alguém consiga identificar o género ou espécie... agradeceria. 

 fóssil de amonóide_1
 fóssil de amonóide_2.1

 Para além dos blocos caídos com amonoídes, encontrei um muito particular, tem parte de uma concha de molusco bivalve, e várias estruturas compridas e tabulares, e algumas ramificadas que fazem lembrar algas...
fóssil de amonóide_2.2

Possíveis fósseis de algas com um fóssil de bivalve ao lado direito  

Fósseis de Belemnitida - Peniche

  No seguimento da visita a Peniche e numa das arribas a NE da Península, vários somatofósseis de moluscos cefalópodes do tipo Belemnite, nomeadamente moldes internos de parte interna, posterior, calcificada, os rostros, conhecidos pela sua forma de "bala", a parte do corpo do animal que podia fossilizar com mais facilidade, e que não são mais que a concha interna destes animais que são muito semelhantes lulas actuais, não tendo tido ventosas mas sim ganchos. Eram animais marinhos pelágicos, principalmente oceânicos, sendo carnívoros eram nadadores activos. Actualmente extintos, viveram de forma mais abundante deste o Jurássico até ao fim do Cretácico.
 A seguinte figura ilustra uma belemnite, imagem retirada de (http://www.ucmp.berkeley.edu/taxa/inverts/mollusca/cephalopoda.php). 


Belemnite

As tais "balas"relativamente abundantes, em Peniche nas seguintes imagens. Onde o maior que encontrei, tinha perto de 15 cm de comprimento e 2 cm de largura.

Rostros de Belemnite na longidinal
Rostros de Belemnite na transversal
Rostros de Belemnite recristalizados por sulfuretos
Rostro de Belemnite recristalizado 1.1
Rostro de Belemnite recristalizado 1.2
Rostro de Belemnite recristalizado 1.3

As seguintes fotos poderão ser muito importantes, pois poderá encontra-se preservado parte do corpo do animal, o que é bastante raro dada a sua natureza mole. Porém, ainda sem certezas, terão de ser analisadas por especialistas. Se se confirmar irei fazer um artigo mais completo.

Possível corpo de cefalópode presevado com Rostro de Belemnite fossilizado ao lado
?_1
?_2

domingo, 9 de agosto de 2015

Peniche

 No dia 5/8/2015, cheguei à Península de Peniche de férias com a família. Ao percorrer toda a Nacional N114 de Sul para Norte fui me deparando com vistas magnificas das nossas arribas e falésias que estão constantemente a ser erodidas sobretudo mecanicamente pela forte ondulação, ondulação essa que é muito procurada pelos surfistas e tornando Peniche uma das referências nacionais a nível do surfimo, atraindo muitos estrangeiros. 
 As fotos seguintes seguem a sequência dos acontecimentos, sendo que em algumas paragens que fiz não colocarei imagens propositadamente e farei post's em separado.
 
Arribas de Peniche_1

Na foto seguinte, podemos ver a fauna e a flora característica destas zonas litorais, que considero importante pois muitos destes ecossistemas possuem espécies únicas nestes ecossistemas.

Flora das arribas_1
Flora das arribas_2
Flora das arribas_3

Na seguinte foto, consegue-se ver minimamente o Arquipélago das Berlengas, no canto superior esquerdo.
Rochedo_1
Arquipélago das Berlengas

Na zona do farol do cabo carvoeiro, a maneira como os calcários foram carsificados é espectacular, como podem ver nas seguintes fotos.

Calcários carsificados_1
Calcários carsificados_2
Sinal de Aviso
Farol do Cabo Carvoeiro

 Arribas da zona mais a NNE da península onde ainda se consegue ver o Farol do Cabo Carvoeiro.
Arribas de Peniche_2
No centro superior da foto também se consegue ver parte do Arquipélago das Berlengas.

Arribas de Peniche_3
Praia de Peniche_1
Praia de Peniche_2

Continuando a percorrer a nacional N114 e já a NE da península, encontramos uma pequena península designada de "Papôa", mais uma vez um ecossistema muito especial e com a vegetação muito rasteira e bem verde.

Península da Papôa_1
Península da Papôa_2
Península da Papôa_3

Península da Papôa_4

 E foi o resumo do imenso leque de fotografias que tirei... Mas penso que da para ter uma ideia da imensa beleza de Peniche (pelo menos da costa da península), o melhor mesmo é ir lá para ver. Além do mais, é um local onde Jurássico inferior está muito bem representado, inserido na Orla Meso-Cenozóica do Oeste de Portugal continental.


domingo, 2 de agosto de 2015

Castelo do Bode

 Foi no seguimento do achado relatado no post Ortonaisses/Granitoides - Castelo do Bode que depois do escaldão nas costas, fui mergulhar nesta límpida água onde a pouca areia que havia era resultado da meteorização dos granitóides e xistos aflorantes das margens, pelo agentes atmosféricos mas também pelo próprio Homem uma vez no Verão esta zona fica repleta de pessoas que vêm desfrutar desta maravilhosas paisagem, da qual faz parte a conhecida ilha da barragem, como também para dar um mergulho.  

Vale Manso
A ilha
 
Areias brilhantes ricas em Micas_1

Ondas promovendo a meteorização das rochas
 
Ilha e as suas águas translucidas

Areias brilhantes ricas em Micas_2

Areias brilhantes ricas em Micas_3

 Nesta ultima foto pode-se ver vestígios de ortoclase, mica se turmalinas resultantes da alteração das rochas encaixantes, fazendo assim parte da areia que constitui a "praia".

 Em relação à barragem, propriamente dita, fica aqui duas fotos tiradas pela minha namorada, à qual não posso deixar de dar os créditos. Uma barragem, cuja obra começou em 1945, demorou mais de 5 ano a ser construída e ainda hoje é das maiores construções feitas em Portugal. Para mais informações sobre esta magnifica barragem, cliquem Aqui.


Parede da Barragem de Castelo do Bode

Barragem
Vista da Barragem, Rio Zêzere